Sempre ouvi histórias que minha avó contava sobre as histórias que a mãe dela, minha bisavó, contava para ela sobre o escritor Mário de Andrade. Ele sempre foi, para mim, uma figura distante, embora amigável, carinhoso, e muito, muito sensível.

Minha bisavó se chamava Maria Elisa e morou com Mário desde os 7 anos até se casar. Como o próprio Mário a descreve numa das cartas que eles trocavam, minha bisavó era “entre os filhos de Candinho, a mais suave”, e esse desenho da minha bisavó, que nunca conheci, surge na minha memória quando ouço essas histórias. E os detalhes, principalmente os detalhes. A delicadeza das histórias era quase palpável na atenção às coisas desimportantes do cotidiano que precisam de um certo nível de ternura para serem percebidas.

O pijama roxo (e as bolinhas amarelas) do Mário e a escrita escondida de Macunaíma, de noite, no banheiro da chácara de Araraquara, com um lampião e um pano debaixo da porta para que a luz não escapasse (porque, conta minha avó, Tia Zulmira era muito brava, e certamente o repreenderia por estar acordado).

O modo como ela se referia a ele nas cartas, “irmão grande”, e sua divertida espontaneidade infantil que entrou para Amar, verbo intransitivo: quando uma criança anuncia, numa viagem de trem, “Próxima estação, Mictório!”.

Esses detalhezinhos todos, vindos de um cotidiano distante que eu nunca conheci, me ajudam a delinear, na minha memória, quem foi minha bisavó e quem é esta figura grande que admiro imensamente.

Pedi, então, para minha avó recontar algumas histórias que eu lembrava só pela metade.

Para ouvir essas histórias recheadas de detalhezinhos sobre o escritor Mário de Andrade, siga a @rocanovaeditora no Instagram e acompanhe a conversa da Laura com sua avó, a Malu.

Laura Faria

Laura Faria é neta da Malu, está cursando Letras Português-Árabe na USP e é irremediavelmente apaixonada por literatura brasileira.

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